quarta-feira, 8 de junho de 2011
Entrevista – Paul Smith
Quando o assunto é assunto é moda masculina, o nome do estilista britânico Paul Smith é sinônimo de sucesso. Seu talento está na arte de reunir alguns ingredientes fundamentais: alfaiataria impecável, cartela de cores vibrantes e um estilo casual e moderno, com uma pitada de extravagância. Desde a sua primeira coleção, em 1976, Sir Paul Smith tem comemorado uma trajetória exemplar. É um homem de negócios bem sucedido: sua marca tem mais de 200 lojas espalhadas pelo mundo. Ele diz que o seu desafio está em equilibrar criatividade e finanças e sabe dosar com sabedoria a diversidade dos seus produtos. Discreto, Smith é avesso a entrevistas e a badalações. Acredita que a roupa serve para mostrar a personalidade; e o pecado, para ele, é tentar estar sempre na moda.
O que os homens procuram quando o assunto é moda e estilo?
Eles querem roupas que os tornem elegantes, bem vestidos e aceitos no meio onde trabalham. E casuais, modernos e sexy fora desse ambiente.
Qual a importância da tradição na moda masculina?
Creio que a tradição sempre teve seu lugar na moda, mas ela funciona melhor quando tem uma pegada moderna ou alternativa. Isso significa que nem sempre é necessário vestir-se pensando no clássico. Misture opostos, como uma paletó de alfaiataria com um jeans ou camiseta, e veja o resultado.
Como estilista britânico, o senhor desenvolveu uma alfaiataria rigorosa e tem uma modelagem perfeita. Foi influenciado pelo rigor do Savile Row?
Aprendi moda com a minha então namorada – e hoje minha mulher – Pauline Denyer, que era estilista. Com ela, entendi como são feitas as roupas, desde a sua construção até a proporção, escolha de tecidos, estampas. Não fiz faculdade de moda. Meu treinamento foi muito rigoroso e tradicional, mas, como eu criava só para homens, o estilo era essencialmente britânico.
O que o senhor guardou que ainda é essencial nas suas criações?
A qualidade de uma roupa e o jeito que ela é confeccionada. Isso, sim, vem da época do Savile Row.
Como explica o seu sucesso? É a sua acertada mistura de cores e estampas, a alfaiataria ou a originalidade?
É a combinação de boas idéias com uma moda que seja vendável em nossas lojas. O resto, as cores e as estampas fazem parte do estilo Paul Smith. Quanto à nossa alfaiataria, ela sempre alcançou altos níveis de excelência.
Os homens de hoje são mais conservadores ou mais ousados quando o assunto é moda?
Hoje são mais confiantes sobre o que vestem do que antes. Creio que há a mão da namorada ou da esposa nesse processo para ajudá-los a ousar.
O homem comum sabe se vestir ou ainda tem medo de seguir a moda?
Depende do país. Em alguns lugares, a gente nota que a arte de vestir é algo natural. Em outros, é mais trabalhado, pensado para não errar. Mas hoje em dia o homem se veste muito melhor do que quando comecei.
Quem são os seus consumidores? Que tipo de homem veste Paul Smith?
Originalmente, são homens com profissões criativas. Minhas roupas são extremamente simples no design, isso os atrai. Eles querem demonstrar confiança, não chamar atenção.
Sua marca cresceu muito nestes 25 anos. Como combinar negócios com criatividade e dar certo?
Eu comecei como vendedor. Quando conhecemos todo o processo, aprendemos mais rápido a combinar comércio e criação.
O que o inspirar a criar?
Muitas coisas. Ver arte pode ser inspirador na hora de pensar na cartela de cores, observar a arquitetura de uma cidade ajuda na proporção, conhecer roupas tradicionais de outros países influencia na criação de um tecido. Simplesmente use seus olhos para ver ao redor em vez de comprar revistas de moda ou seguir o que os outros fazem.
Sua moda é sempre renovada pelo frescor, tem um espírito jovem, ao mesmo tempo elegante e extravagante. Os homens que vestem Paul Smith são dândis?
O que eu quero é mais simples. Gostaria que os homens que escolhessem minhas roupas o fizessem baseados na sua personalidade e no seu estilo de vida e que, assim, tivessem a oportunidade de mostrar quem são: sérios, divertidos, atléticos ou extravagantes.
Qual o seu conselho quando o assunto é moda?
Vista-se para mostrar sua idade, seu estilo de vida e seu caráter.
Qual o maior pecado da moda?
Tentar estar sempre na moda.
Fonte: Eva Joory (Revista GQ Brasil – abril de 2010)
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