sábado, 6 de novembro de 2010

Futuro da TV em xeque



Surgida na Alemanha, em 1935, quando aconteceram as primeiras transmissões, a televisão chegou ao Brasil, em 1950, como a grande novidade tecnológica da época. No início, uma pequena parte da população brasileira tinha acesso a esse luxo, que com o passar dos anos conquistou um lugar de extrema importância nos lares de milhões de brasileiros. O aparelho de TV e a programação atuais nem de longe lembra aquela caixa de madeira que emitia imagens em preto e branco e atrações adaptados do gênero radiofônico. Nesses 60 anos de vida, a TV brasileira passou por diversas transformações.

O tão comentado futuro dos anos 2000 chegou, mas ainda não estamos nos locomovendo por meio de mini naves voadoras, como no desenho animado Os Jatsons. No entanto, é fácil reconhecer que a maior revolução dessa era está no desenvolvimento da internet a nível mundial, que provocou e continua provocando uma transformação em todas as plataformas midiáticas, como também nas relações humanas.

Quando o cinema surgiu, disseram que era o fim do teatro. O mesmo aconteceu com o advento da televisão, o rádio estaria com os dias contados. Há alguns anos, uma nova discussão permeia a sociedade: as mudanças promovidas com a Internet porão fim à supremacia da televisão? Ainda não há uma resposta plena e absoluta, e o que muito já se fala, é na chamada convergência midiática - tendência que os meios de comunicação estão aderindo para poder se adaptar à internet. Consiste em usar este suporte como canal para distribuição do conteúdo e dessa maneira, os outros tipos de mídia poderão ser encontrados na internet.

De acordo com o doutor em comunicação e semiótica pela PUC-SP, Sérgio Bausban, em reportagem publicada pela Revista Imprensa, quando a internet começou a se popularizar e a evoluir, do ponto de vista tecnológico, sua finalidade como transmissor e receptor de conteúdo ficou mais fortalecido. “Acredito que estamos migrando para um mundo gerido por tecnologias digitais, no qual a lógica não é mais linear, mas simultânea e em rede”, resume ele.

“Neste momento temos cenários de convivência. Particularmente, acredito que por enquanto, a internet e a televisão continuarão mantendo seus espaços. O que teremos é a chamada TV na internet, mas a TV como a conhecemos hoje ainda terá uma vida longa, é claro, potencializada por novas tecnologias”, diz o doutor em comunicação, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, Alfredo Vizeu. “A preocupação das empresas de comunicação que trabalham com a TV aberta é de melhoria das imagens e de uma interatividade em que elas continuam dando a linha. Mudanças mais fortes só daqui a alguns anos”, opina.

Por causa da internet, o público de hoje, está cada vez mais consumindo conteúdo em diversas plataformas e isso de maneira imediata e personalizada. Em 2010, a transmissão de alta definição (HD), no Brasil, estabeleceu-se de forma definitiva, como também, houve o início dos testes com imagens em terceira dimensão (3D).

Segundo apontam alguns estudiosos, com a TV digital, cujos principais pilares são a interatividade, mobilidade e imagem em HD, o sujeito poderá se dar ao luxo de não ficar esperando o programa no horário determinado. Ele terá acesso àquela atração favorita de uma outra maneira. Haverá a possibilidade de gravar o que desejar, onde e quando preferir. Para isso, a tecnologia garante ótima qualidade ao sinal de imagem e áudio, eliminando interferências e ruídos, e possibilita a troca de informações e a recepção de sinal em movimento.

Porém, já podemos observar que, em menor grau, algumas atitudes como essas já são realizadas atualmente. Perdeu o capítulo de ontem da novela? Assista no youtube. Quer gravar o filme da sessão da tarde? Faça o uso de um pen TV e, se preferir, assista, por exemplo, na praia, junto com os primeiros raios solares. E o que falar então dos aparelhos de celular e dos computadores portáteis, que permitem a transmissão e a recepção de imagens, dados e informações, onde quer que o espectador esteja? Você, caro leitor, o que tem a dizer sobre essas mudanças? Acredita que a boa e velha televisão em frente ao sofá da sala tende a entrar em extinção? Bom, num futuro não muito distante, só os que viverem, verão.

Revolução no mercado publicitário

Apesar de ser uma senhora de 60 anos de idade e enquanto toda essa revolução se configura, a TV brasileira ainda está longe de perder a soberania frente às novas mídias digitais. É a plataforma midiática mais eficiente em qualquer campanha publicitária, traduzindo-se no veículo de maior visibilidade e retorno.

Um fator fundamental a favor da televisão está na questão da acessibilidade: hoje, ela consegue atingir 99% do território nacional, enquanto o amplo acesso à internet banda larga ainda é uma realidade distante. Mesmo que o hábito de assistir à TV esteja em queda, principalmente entre os jovens, um computador ainda não tem o mesmo poder de reunir a família inteira em determinado horário.

De acordo com o coordenador de mídia da Marta Lima Comunicação, Rodrigo Rodrigues, o tempo atual é mesmo de mudança e todos os meios de comunicação, não só a TV precisa pensar nesse novo consumidor que a cada dia está procurando informações através de várias plataformas. “No caso da TV, ainda hoje ela possui um lugar de destaque, até mesmo pela grande presença dentro das classes C e D e por isso acredito que ainda deverá continuar por algum tempo. No entanto, é fato que ela vai precisar se adequar às novas formas de interação com o consumidor. Essas mudanças ocorrerão a partir da nova tecnologia da TV Digital e 3D, coisa que ainda estamos caminhando”, afirma.

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