terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Conheça o estilista Romildo Nascimento











Bom, sei que a última edição do Moda Recife já passou há um tempinho (novembro de 2010), mesmo assim, resolvi postar sobre um estilista que conheci no evento: Romildo Nascimento. É bem verdade que só assisti aos desfiles do segundo dia, e dos trabalhos que conferi (todos lindos, por sinal), o que mais me chamou a atenção foi o do Romildo. Fiquei surpreso, quando soube que ele é pernambucano, mas não reside aqui. Também fiquei encantado com os looks criados por ele. Bateu aquela vontade de comprar todos (risos). Curioso que sou, logo pensei: onde será que posso encontrar aqui, no Recife, a grife Romildo Nascimento?

Quando acabaram os desfiles, corri para falar com ele. Parabenizei-o pelo trabalho e, lógico, perguntei como fazer para adquirir as roupitchas. Romildo mora em Ceilândia (cidade satélite de Brasília-DF), sua produção ainda é em pequena escala e o mesmo só atende sob encomenda. Muito simpático, deixou que eu fizesse esta foto que posto e até me deu seu telefone. Quem sabe quando eu for a Brasília, não vá conhecer seu ateliê?

Assim que cheguei em casa, fui logo pesquisar sobre o estilista e descobri que ele tem uma linda história de vida e de encontro com a sua vocação no mundo da moda. Encontrei uma entrevista que o jornalista Phelipe Rodrigues fez com ele, para o Diario de Pernambuco, em setembro de 2010 (leia abaixo). Para quem ainda nunca ouviu falar, conheça, agora, Romildo Nascimento, estilista pernambucano que vem conquistando muitas socialites do centro-oeste brasileiro.


Entrevista // Caso de amor entre Japão e Pernambuco

Romildo Nascimento nasceu no Sítio Pedra Miúda, zona rural de Gravatá, Agreste de Pernambuco, em 1982. Kenzo Takada veio ao mundo no Japão, na antiga cidade feudal de Himeji, ilha de Honshu, em 1939. Os dois estilistas se encontraram, semana passada, em Brasília, onde Romildo mora desde a adolescência. O criador nipônico veio ao Brasil para uma visita organizada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT). "Sem nenhum objetivo específico. Quero encontrar algo que me surpreenda", comentava Kenzo, com sorriso de gueixa. Foi o que aconteceu quando viu uma camisa construída em técnica de alfaiataria com detalhes de renda renascença assinada pelo pernambucano.

A história inteira de bastidores parece roteiro do reality fashion Project Runway (exibido no Brasil pelo canal LIV, da Sky). Kenzo, conhecido pelas estampas florais e perfumes, chegaria em Brasília para um evento com os estilistas da semana de moda local, o Capital Fashion Fashion Week. "Precisava fazer um desfile pequeno. Mas ainda não tinha o material", recorda. "A renda renascença da Macariu's, que fica em Pesqueira, para a camisa chegou um dia antes do evento. Era, na verdade, um caminho de mesa. Tive apenas 12 horas para criar tudo", completa Romildo.

Ainda bem, ninguém desconfiou de nada. Kenzo olhou a peça de todos os lados. "Adorou e quis comprar". "Aos 71 anos, mantém o corpo em forma com muito exercício e pouca comida. Foi o que a tradutora me revelou", conta Romildo, impressionado. "Ele ficou tão atordoado com o presente que me deu uma nota de 100 euros", revela, rindo. Na entrevista a seguir, ele lembra que largou o emprego em farmácia para se dedicar à moda, sonha com um desfile no Recife e cita algumas de suas fadas-madrinhas.

"Além de articulado, sou sortudo"

Romildo Nascimento morou no Sítio Pedra Miúda, a 13 km de Gravatá, até os 14 anos. "Fui morar com minha irmã em Ceilândia, a segunda maior cidade da capital federal, onde está a maioria dos nordestinos. Todos os irmãos se mudaram para lá. No sítio, ficaram apenas Maria das Graças e Romildo. "Meus pais, que vão colocar essa reportagem no quadro da escola onde minha mãe é merendeira", comemora. Para ler jornal, ele esperava o pai voltar da feira. "Desembrulhava as compras para acompanhar o noticiário com atraso". O jeito espontâneo conquista todo mundo. A primeira-dama de Brasília, Karina Curi Rosso, virou cliente fiel. "Márcia Lima, diretora do Capital Fashion Week, me chama de filho". Como bom leonino, Romildo tem até entourage, o grupo de amigos que serve de maquiadores, camareiros e diretores de cena em meus desfiles".

Como foi o início da tua história com moda?

Sempre gostei. Mas não tenho qualquer formação específica na área. Sou autodidata. Fui incentivado pelo professor de um curso de teatro. Pedi para desenhar o figurino de uma peça e ele me disse que eu tinha muita informação de moda. Tanto que me deixou repetir a experiência. Naquele momento, no segundo semestre de 2006, me inscrevi no concurso de novos talentos do Capital Fashion Week. Dos 72 inscritos fiquei entre os seis. No ano seguinte, a comissão julgadora teria que tirar quatro. Continuei entre os dois classificados.

Nesse momento, você decidiu trabalhar apenas com moda.
Não. Sou muito realista. Faz apenas dois anos que decidi investir toda a minha energia e reservas no ateliê, que fica na Ceilândia. Trabalho na casa emprestada por minha irmã. Mas ainda é muito difícil fazer moda em Brasília. Uma costureira, aqui, não ganha menos que R$ 1.300 de salário. Já pensei várias vezes em desistir. Mas tenho ótimos conselheiros. Um deles é o designer paulista JumNakao. Ele é consultor do Capital Fashion Week, orienta os novos talentos na construção da carreira. Estabelecemos uma relação de muita confiança.

Você parece ser bem articulado...
Sempre contei com o apoio da família, dos amigos e de algumas madrinhas. A primeira-dama, Karina Kuri Rosso, e a diretora do Capital Fashion Week fazem questão de aparecer em jornais e revistas com minhas peças. Jum Nakao já liberou o pagamento de um curso de modelagem muito caro por acreditar em mim. Sou leonino, gosto de ter muita gente por perto. Agora, consegui esse contato com Kenzo Takada. Não acreditei quando ele parou o modelo no desfile para ver a camisa de perto. Não calculava a repercussão. Acho que além de articulado, tenho sorte.

Você já tem pontos de venda no Recife?
Minha produção ainda é pequena. Cerca de 30 peças por mês. Além de atender algumas clientes, vendo para Campo Grande, no Mato Grosso, e para uma loja na Asa Sul, a parte mais chique de Brasília. Para aumentar esse volume e investir mais em produtos caros, como a renda, estou em negociação com o empresário pernambucano Antônio Macário, que fez a renascença da camisa de Kenzo. Quero muito vender e desfilar no Recife.

Nenhum comentário:

Postar um comentário