sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Época de ouro para o cinema pernambucano





Após um período de pouca expressividade, o cinema brasileiro ressurgiu, paulatinamente, na segunda metade da década de 1990. Um marco dessa época foi o filme O Quatrilho, de Fábio Barreto, considerado um dos mais famosos e importantes da retomada do nosso cinema. A obra foi indicada como melhor filme estrangeiro no Oscar de 1996, sendo a primeira produção nacional a receber essa indicação, desde 1963, com o Pagador de Promessas. Essa efeméride despertou a atenção do público brasileiro que passou a enxergar com outros olhos a produção cinematográfica nacional, que atualmente vive um bom momento.

Em Pernambuco, Baile Perfumado (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira representa o início da fase em que vive o cinema pernambucano: de grande efervescência produtiva e qualidade cultural reconhecida. Segundo o jornalista Kleber Mendonça Filho, com a exceção do histórico “Ciclo do Recife”, que realizou uma dezena de títulos nos anos 1920, Pernambuco nunca realmente produziu longas com naturalidade e frequência, algo que faz dos anos que separam Baile Perfumado da atual safra, um tempo que já deve ser visto como “de ouro”, um novo ciclo que, inclusive, não dá sinais de que terá um fim próximo. “Neste momento, uma média de 43 filmes, no mínimo, estão nascendo ou prestes a nascer no Estado”, afirma ele.

De acordo com Mendonça Filho, o sucesso das produções feitas em Pernambuco pode ser medido, em especial, via repercussão na crítica, participações e prêmios em festivais - um prestígio artístico que produções comerciais recentes com penetração bem maior no mercado simplesmente não conhecem. Ele conta que, com a seleção do longa O Rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas, de Marcelo Luna e Paulo Caldas, para o Festival de Veneza, em 1999, foi inaugurado o curioso acesso que os filmes de Pernambuco têm tido aos festivais internacionais mais importantes do mundo, como Cannes, Berlim, Veneza e Roterdã, fator que impressiona pelo fato de serem estes festivais os destinos mais desejados de realizadores em todo o mundo.

Amarelo Manga, de Cláudio Assis, foi premiado no Festival de Berlim, em 2003, Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes, estreou em Cannes, em 2005, e Árido Movie, de Lírio Ferreira (seu primeiro filme desde Baile Perfumado), em Veneza, também em 2005. “A repercussão de Cinema, Aspirinas e Urubus foi particularmente grande. O filme percorreu festivais importantes em todo o mundo e terminou sendo o escolhido pelo Brasil para representar o país numa hipotética indicação ao Oscar (que não se materializou)”, destaca Mendonça Filho. Com cerca de 120 mil espectadores, é também o filme pernambucano mais visto desta filmografia nos cinemas brasileiros, ao lado de Amarelo Manga, que obteve números semelhantes.

Para o crítico de cinema Alexandre Figueirôa, em artigo assinado na revista Continente, nem tudo é perfeição. As muitas dificuldades ainda existem, como a precariedade da cadeia produtiva do audiovisual local e a questão da infraestrutura básica para a realização e exibição dos filmes. “Ainda estamos longe do ideal”, diz. Apesar dessa realidade, Figueirôa afirma que, graças ao destemor dos cineastas locais, que mescla coragem e poesia, tivemos nos últimos anos obras como Deserto Feliz, de Paulo Caldas, Cinema, Aspirinas e Urubus e agora estamos vendo filmes como O Homem que engarrafava nuvens, documentário de Lírio Ferreia, sobre o compositor e parceiro de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, que vem causando entusiasmo por onde está sendo mostrado, e Viajo porque preciso, volto porque te amo, parceria de Marcelo Gomes com Karin Aïnouz, recebido com palmas calorosas na 66ª edição da Mostra Internacional de Cinema de Veneza, no último mês de setembro. “Essa continuidade na produção, tem sido fundamental para consolidar Pernambuco como um centro produtor de relevância no País”, enfatiza Figueirôa.

4 comentários:

  1. Não sabia que esses filmes eram pernambucanos! Uma vergonha falar isso mas é verdade! Assisti a maioria deles! Ótimos!! Fico orgulhosa, pois além de PE ser considerado um estado que tem uma qualidade musical maravilhosa,com grandes compositores e intérpretes está mostrando para o mundo que tem, também, muito talento para o cimema!! Beijos Bruninho!! Parabéns pelo Post!

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  2. Fiquei piscando pra assistir os da nova safra. Desses mais recentes, vi Deserto Feliz e achei muito bom. Fundação amada.

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  3. Com esse texto, descobri coisas que nem imagivava que fazia parte do cenário pernambucano. Adorei!!!!!
    Quero ver Deserto Feliz, que não tive ainda o prazer de vê-lo.

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  4. Com esse texto, descobri coisas que nem imaginava que faziam parte do cenário pernambucano. Adorei!!!!!
    Quero ver Deserto Feliz, que não tive ainda o prazer de vê-lo.

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