Sandy é ovacionada no Recife

“Cresci com a Sandy, ouvindo suas músicas. É um orgulho me tornar uma cantora e dividir o palco com ela”, disse Luiza Possi, antes de cantar a última música da sua apresentação e anunciar a grande atração da noite de 03 de junho, no Chevrolet Hall. Antes do início do show, o movimento do lado de fora da casa estava bastante tranquilo, em nada lembrava o tumulto que acontecia nos shows da dupla Sandy&Junior. Áureos tempos...

A proposta de Sandy, hoje, é se firmar como uma cantora-diva da MPB. A turnê do seu primeiro trabalho solo “Manuscrito” (lançado em 2010, com boa aceitação de público e crítica, o álbum vendeu 80 mil cópias) está baseada numa linha “simples e intimista”. Nada de pirotecnia, coreografias e presença de dançarinos. Isso ficou no passado. A ideia é apresentar um show calcado na qualidade musical e artística.

Sendo assim, nessa vibe intimista-musical, os shows estão sendo realizados em teatros e casas de espetáculo, nas quais o público pode escolher se acomodar em mesas (próximas ao palco) ou cadeiras, mais atrás. Foi o que aconteceu no show do Recife. Poucas pessoas, bem acomodadas, para apreciar a voz da cantora. Mas, trazê-la sozinha para o Chevrolet Hall, seria suficiente para lotar a casa? Sabemos que muitos ali foram para ver a primeira atração. Mas, a maioria queria mesmo era conferir, ao vivo, o resultado do primeiro trabalho da Sandy, pós Junior. Vale salientar que na primeira apresentação desta turnê (no ano passado, em São Paulo), a filha de Xororó foi aplaudida por um público de 1.600 pessoas. A combinação Luiza Possi + Sandy rendeu 6 mil pagantes...

À meia-noite, Sandy surgiu no palco cantando o primeiro single do álbum: “Pés Cansados”. Muitos gritos, a histeria do público foi enorme. Todos de pé cantaram em coro, com a letra na ponta da língua. Para o show não ficar um pouco “parado”, já que as canções do CD, segundo como a própria Sandy as conceituou, “são um pouco melancólicas e refletem um cunho bastante intimista-pessoal”, o repertório contou com covers para lá de animados: Marisa Monte, Legião Urbana, Oasis, Lulu Santos... “São músicas que curto, que tem algum significado para mim e que vocês sabem cantar”, disse ela antes de entoar “Beija Eu”, de Marisa Monte.

Um dos momentos mais legais da noite foi quando ela chamou Luiza Possi, de volta ao palco, e sem nenhum ensaio, arrasaram juntas com a canção “Hoje eu quero sair só”, de Lenine. Nem precisa dizer que o público amou o dueto. Porém, o ponto mais emocionante de todo o show, foi quando os fãs começaram a puxar em coro a música “Inesquecível” e ela fez uma pequena capela. O público extasiado respondeu jogando para o alto, diversos balões vermelhos em formato de coração que tomaram toda a boca de cena. Em seguida, Sandy canta “Quando você Passa” e emenda com “Estranho Jeito de Amar”, sucessos da época em que fazia dupla com o irmão. A comoção foi geral. Mesmo que essas duas músicas não estivessem no repertório do show, os fãs não iam deixar barato, já que nos intervalos de algumas músicas, eles puxavam alguma canção daquela época. Sobre isso, ela disse: “É muito bom recordar o passado.”

A insistência das músicas desse passado de glória parece que vai perdurar por um bom tempo. Após quatro anos do fim da dupla Sandy&Junior, a enorme legião de fãs, em sua maioria, adolescentes e jovens, ainda se sentem órfãos daquele sucesso. O público precisar entender que ela cresceu, mudou e precisa dar novos voos, conquistar um novo público. Sandy terá um pouco de trabalho para se ajustar nesse reposicionamento de carreira. Fora o preconceito que muitas pessoas têm para com ela. A imagem de menina boazinha e certinha ainda faz parte do imaginário coletivo... Goste dela ou não, todos nós sabemos que a mesma é muito talentosa e sua qualidade artística é inquestionável. Não podemos nos esquecer do seu carisma e beleza, atributos suficientes para alçá-la à condição de estrela. O que ela já é desde os tenros 7 anos de idade.